11 de fev. de 2011

# A Praia


A Praia (The Beach – 2000) é um filme de Danny Boyle, baseado no romance homônimo de Alex Garland, é uma geniosa metáfora sobre a juventude, seus anseios, suas escolhas nem sempre conexas e sem dúvida, uma grande lição sobre o deslumbramento juvenil com o mundo das drogas. Boyle consegue dirigir um filme onde subliminarmente descreve isso. Sem nenhum estereótipo, consegue contar uma história irreal de um jovem americano de classe média/alta, Richard (Leonardo DiCaprio), que não encontra gosto em sua vida já pré definida.Então personagem vai até a Tailândia, sul asiático, procurar por novas emoções, aventuras e até em algum certo momento do filme, uma aceitação por um grupo social.
O filme começa com Richard em território tailandês, e se percebe facilmente, que ele não tem uma intenção clara em estar lá, procura algo novo. (semelhante a pessoas que iniciam a vida adicta da droga). Numa cena, ele está em um clássico mercado asiático, pessoas lhe oferecem de tudo, que é negado ligeiramente por ele, então lhe desafiam em beber sangue de cobra. Que é aceito imediatamente. Percebemos como o desafio faz com que se cometa graves erros, e esse é um temperamento muito saliente da personalidade de Richard. Ele não suporta ser desacreditado.

Entediado com o paraíso que se encontra, julgando ser um lugar cheio de “turistas cínicos”, ele que mais. Mas encontra. Até que aparece um personagem muito importante na trama, que acaba sendo seu subconsciente durante o filme. Eles fumam maconha, e Duff diz a Richard que existe uma ilha paradisíaca com todo o bagulho que ele pode fumar, e lhe entrega um mapa com sua localização. Ele pede que não conte a ninguém. Logo após ele some e acaba se suicidando na cena seguinte. A polícia aparece para investigar o caso, mas logo encerra suas investigações.
Nesse contexto, Richard acaba conhecendo um casal de franceses, Françoise e Étienne. Ele se apaixona por Françoise.
Como Richard é um protagonista único em seu caráter, convida o casal para procurarem a ilha, com o intuito de ficar com a garota. Após diversidades chegam a ilha e imediatamente encontram uma ampla plantação de maconha, que é vigiado por capangas, conseguem sair ilesos e então se de deparam com uma grande cachoeira, que numa das cenas mais interessante do filme saltam e chegam a uma sociedade isolada do mundo exterior.
Danny Boyle sutilmente acrescenta metáforas nesse enredo, a promessa de um lugar (ou estado espiritual) melhor, com toda a droga que se pode usar. Deslumbrado com essa hipótese e irresponsavelmente, ele vai á procura de algo mais. Como se fosse um recém iludido pela droga, com a promessa de inúmeras aventuras e novas sensações, passando por traficantes, que no filme é representado pelos capangas, sugerindo a violência que pode se passar ao ir por esse caminho. Também é apresentado subliminarmente como o perigo, o risco, a irresponsabilidade é fundamental para se manter nesse tipo de vida.
O arrebatamento inicial na comunidade isolada é intrigante, enquanto Richard luta para ser popular e conquistar Françoise, Étienne é ignorado gradualmente pelo grupo. Até que Richard consegue concluir seu plano e Françoise se entrega a volúpia de seu desejo.

Então o filme toma outro foco. Nenhuns dos indivíduos do grupo podem sair da Ilha. Cristo um sueco, também membro da ilha, é atacado por tubarões e têm graves feridas pelo corpo, gritando de dor por toda a noite, perturbando os moradores em suas vãs vidas. Numa analogia com o Filho de Deus, Boyle inteligentemente introduz uma fala magnífica de Richard, “Matem Cristo, ninguém vai se lembrar” (ou algo do gênero).

Também o fato de Cristo incomodar, ao lembrar que a vida deles não é tão perfeita, aliás, frágil! Pessoas que estão contidas por esse estilo de vida não se lembram de nada, querendo matar Cristo, o sueco ou o Filho de Deus.

Novamente o filme da outro enfoque. Antes de Richard ir ao encontro de seu “perfeito destino”, cometeu uma grande insensatez. Copiou o mapa da ilha e deixou com alguns outros turistas americanos. Seguindo seus passos, eles – os turistas, vão ao encontro do estilo de vida prometido e perfeito. Um lugar fantasioso com praia, sol, gente jovem reunida e lógico, as drogas infinitas para usarem. Ao tomarem conhecimento, os membros isolados da sociedade, censuram Richard e o obriga a pegar o mapa novamente.

O ponto de vista de Richard da comunidade é alterado, ele percebe q existe um preço a ser pago para cada um ficar ali. E numa criativa (e duvidosa) narrativa expressiva, onde ele vira até jogo de vídeo-game, talvez para promulgar o controle dele, que na verdade é tão livre como se imagina, Richard enlouquece. Entra em pânico, e todos os demais do bando o temem.
Por fim, é uma grande narrativa sobre o controle e o fascínio que a droga exerce sobre o ser humano, mas de uma forma muito precisa e criativa. Sem cair em clichês e para o sensacionalismo, muito pelo contrário, o filme demonstra como é o envolvimento de uma pessoa com esse submundo, mostrando isso por um ângulo de vista inusitado e inventivo.
Para quem já assistiu, mas tinha achado que o filme apenas retrata uma aventura de pessoas inúteis, tente rever o filme por esse ângulo. Que acaba por ser mais sensato, acreditem! Para quem não assistiu fica a dica.


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