17 de abr. de 2011

# Crianças Selvagens

As crianças selvagens são:
• Crianças que cresceram com contato humano mínimo, ou mesmo nenhum.
• Podem ter sido criadas por animais (freqüentemente lobos) ou, de alguma maneira, terem sobrevivido sozinhas.
• Normalmente, são perdidas, roubadas ou abandonadas na infância e, depois, anos mais tarde, descobertas, capturadas e recolhidas entre os humanos.
Elas constituem uma espécie de grau zero do desenvolvimento humano, ensinam-nos o que seríamos sem os outros, mostram de forma íngreme a fragilidade da nossa animalidade, revelam a raiz precária da nossa vida humana.

Só conhecem a mímica e os sons animais, especialmente os das suas famílias de acolhimento.Sua capacidade para aprender uma língua no seu regresso à sociedade humana é muito variada. Algumas nunca aprendem a falar, outras aprendem algumas palavras, outras ainda aprenderam a falar corretamente o que provavelmente indicia que tinham aprendido a falar antes do isolamento.

Elas exibem o comportamento social das suas famílias adotivas. Não gostam em geral de usar roupa e alimentam-se, bebem e comem tal como um animal o faria.
A maioria das crianças selvagens não gosta da companhia humana e percorrem longas distâncias para evitá-la.Algumas crianças selvagens não mostram interesse algum em outras crianças da sua idade nem nos jogos que estas jogam.

Na medida em que não gostam da companhia humana, procuram a companhia dos animais, particularmente dos animais semelhantes à espécie dos seus pais adotivos.
Ao mesmo tempo, também os animais reconhecem estas crianças, aproximando-se delas como não o fariam em relação a outros humanos.

As crianças selvagens não se riem ou choram, apesar de eventualmente poderem desenvolver alguma ligação afetiva. Manifestam pouco ou nenhum controlo emocional e, muitas vezes, têm ataques de raiva podendo então exibir uma força particular e um comportamento claramente selvagem. Algumas destas crianças têm ataques de ferocidade ocasionais, mordendo ou arranhando outros ou até eles mesmos.

Conheça alguns desses casos, que são bem mais comuns do que possamos imaginar. Atualmente existem 100 crianças selvagens espalhadas pelo mundo, ainda vivas.

A Menina de Kranenburg
Adotado por: Desconhecido
Floresta em Overyssel, Holanda.
Essa menina foi achada em 1717, na floresta, próxima à província de Overyssel, Holanda. Ela foi sequestrada aos 16 meses, levada da casa de sua família em Kranenburg. Ao ser resgatada, estava vestida com pano grosseiro; alimentava-se de folhas e grama. Não havia qualquer evidência que tivesse sido adotada por algum tipo de animal. Ela aprendeu a trabalhar com fiação, a comunicar através de sinais mas nunca conseguiu falar normalmente.

Shamdeo
Adotado por: Lobos, cachorros ou chacais
 Vilarejo de Narayanpur, Índia.
Em maio de 1972, um menino de 4 anos na floresta de Masafirkhana (na Índia), em uma região onde outros cinco casos foram registrados. O garoto tinha a pele muito escura, unhas muito longas, cabelo abundante, calosidades nas mãos, pés e tornozelos, dentes aguçados, apetite por sangue além de comer terra. Caçava galinhas, preferia a noite ao dia e procurava a companhia de cachorros e chacais. Foi chamado Shamdeo e levado para o vilarejo de Narayanpur.
Aprendeu a se comunicar por sinais.
Em 1978, foi acolhido por madre Teresa de Calcutá. Morreu em fevereiro de 1985.

Gazelle Boy
Adotado por: Gazelas
Gazzelle Boy
Em 1960, o antropólogo Jean-Claude Auger, viajando sozinho pelo Saara Espanhol, encontrou um grupo de nômades Nemadi que contaram a ele sobre o avistamento de uma criança selvagem. No dia seguinte, tomando a direção indicada pelos nômades, ele viu uma criança nua galopando em grandes saltos em um grupo de numerosas gazelas brancas. Auger instalou-se em um pequeno oásis e ali ficou na expectativa de uma chance de aproximação.
Esperou por muitos dias até que, enfim, surgiu a oportunidade de observar o garoto-gazela mais de perto: "ele era vigoroso, queimado de sol, olhos amendoados e tinha no rosto uma expressão amável; aparentava dez anos de idade. Seus tornozelos eram proporcionalmente grossos e fortes; seus músculos eram firmes. Andava de quatro mas, ocasionalmente, assumia postura ereta, o que fez Auger supor que havia sido abandonado ou se perdido quando já começara a dar seus primeiros passos. Quando ouvia barulhos estranhos, ficava alerta, tremia os músculos, movia o nariz e as orelhas, tal como suas companheiras gazelas". Em 1966, fizeram uma tentativa de resgatar o jovem usando uma rede; não funcionou. Diferente de outros casos de crianças selvagens, jamais foi capturado. Auger recusou fotografá-lo pois entendia que não era justo prendê-lo e domesticá-lo.

Tissa, do Sri Lanka
Adotado por: Macacos
Tissa em 1973.
Em 1973, no vilarejo de Tissamaharama, sul de Sri Lanka, foi capturado um menino que vivia com um bando de macacos. Em três meses aprendeu a andar ereto, ainda comia com as mãos, não falava, porém aprendeu a sorrir.





Kaspar Hauser
Adotado por: Cresceu com contato humano mínimo.
Este jovem aparentava ter 16 anos quando surgiu "do nada" em Nuremberg, Alemanha. O seu caminhar era pouco firme, como o de uma criança que tivesse acabado de aprender a andar. A primeira noite, dormiu num estábulo depois de aceitar pão e água para comer. Rejeitando cerveja e carne. Interrogado pelas autoridades, respondia com palavras desconexas ou apenas dizia: "Não sei”. Deram-lhe papel e caneta e, para surpresa de todos, ele escreveu: Kaspar Hauser. Os dias passavam e nenhum fato novo surgia sobre a origem do rapaz. A convivência mostrou que Kaspar não era um retardado mental; antes, era desprovido de qualquer educação ou noções de sociabilidade. Aprendeu a usar talheres, cuidar de sua higiene pessoal e logo conseguia dizer frases completas. A facilidade com que aprendia coisas novas mostrava que ele tinha sido confinado quando já possuía idade suficiente para andar e falar; além disso, escrevera o próprio nome. Nas suas recordações, via um calabouço, um castelo, um brasão e um cavalo de brinquedo feito de madeira. Muitos especularam que o jovem era o herdeiro da Casa Real do duque de Baden, o que fazia dele um possível sucessor da dinastia inaugurada por Napoleão Bonaparte, posto que sua mãe deveria ter sido a filha adoptiva daquele estadista. O filho, supostamente morto ainda bebé, poderia ter sido raptado para que não viesse, um dia, a restaurar o poder bonapartiano (Napoleão Bonaparte). A verdade sobre Kaspar Hauser nunca apareceu. Depois de causar muita sensação atraindo a curiosidade de nobres e plebeus, morreu assassinado misteriosamente, sem motivo aparente, próximo à casa de seu professor.

A Garota de Champagne
Adotada por: Lobos ou macacos
Floresta em Champagne, França
Em 1731, uma menina aparentando 10 anos foi encontrada no distrito de Champagne, França. Descalça, com o vestido reduzido a trapos e um gorro feito de folhagens na cabeça. Emitia gritos agudos; a pele estava tão suja e escurecida que alguns acharam que era uma menina negra. Comia passarinhos, sapos, peixes, folhas, brotos e raízes. Quando colocaram um coelho à sua frente, imediatamente, o matou. Abriu-lhe as entranhas e comeu a carne.
A garota de Champagne é um dos raros casos de criança selvagem que aprendeu a falar coerentemente o que faz pensar que, antes de ser abandonada ou perder-se, já sabia falar. Em pouco tempo ela esqueceu a maior parte de sua vida na floresta.“Os dedos, especialmente os polegares, eram extraordinariamente largos", relatou uma testemunha da época. Ela usava esses dedos para extrair raízes e como apoio para agarrar nos ramos das árvores, entre as quais movia-se como um macaco. Era muito rápida na corrida e tinha uma visão fenomenal. Cresceu e estabeleceu-se em Paris onde trabalhava no artesanato de flores artificiais. Morreu na obscuridade com a maioria das crianças selvagens.

Isabel Quaresma  
Adotada por: Galinhas
A menina que viveu a sua infância dentro de um galinheiro, pode ser considerada uma criança selvagem. Na verdade, ainda que, ao longo dos oito anos do seu cativeiro tivesse mantido alguma relação humana com a mãe, é muito provável que esta pouco ou nada falasse com a filha, limitando-se, muito provavelmente, a alimentá-la tal como alimentava as galinhas com que a obrigou a conviver.
Quando Isabel foi encontrada possuía algumas características físicas específicas, tais como:
Subdesenvolvimento ósseo; Grande debilidade; Cabeça demasiado pequena para a idade; Face com semelhanças flagrantes com os galináceos (perfil, posição labial, dentição formada como se fosse um bico);
Olhos grandes (rasgados no sentido descendente); Posição dos braços muito idêntica às asas das galinhas;
Calos nas palmas das mãos. Uma catarata no olho direito, certamente originado por uma bicada de galinha.
Em termos comportamentais, revelava:
Atitudes extremamente agressivas, destruindo tudo o que tivesse ao seu alcance,
O seu comportamento mais usual era mexer os braços como se fossem asas de galinha e guinchar,
Comia os seus próprios cabelos,
Defecava em qualquer parte e ingeria as próprias fezes.
Uma vez feita a sua entrada na sociedade, a Isabel teve alguns progressos embora o seu desenvolvimento tenha sido lento. No início, o próprio contacto com as pessoas era complicado. Só bastante tempo depois é que foi possível sentir-se à vontade com duas ou três pessoas.
Mudanças devido a nível biológico e fisiológico:
Isabel apresentava índices de velhice muito acentuados.
Tinha problemas de coluna, não se conseguindo equilibrar muito bem numa cadeira mas aprendeu a andar sozinha. Relativamente a processos de instrução, verifica-se que ela conseguiu aprender a descascar laranjas e bananas, a abrir algumas portas e a manipular a televisão. Também aprendeu a pegar num lápis e a riscar.
Analisando os processos de educação, a Isabel fez alguns progressos a vários níveis:
Sociabilidade: não dorme no chão, usa roupas limpas, usa uma casa de banho (embora tenha de ser uma adequada à sua posição), consegue ter alguma atividade durante dez minutos seguidos e sabe estar em grupo.
Sentimentos: não tem medo das pessoas, percebe a expressão facial dos outros e sabe quando estão tristes ou contentes e, por vezes, reage ao comportamento das pessoas.
Sensibilidade: não gosta de comer fruta com casca, gosta de ver algumas coisas na tv, tem fascínio pelo tiquetaque dos relógios, sabe separar as cores...
Física: consegue andar, embora com alguma dificuldade em pisos irregulares.
Relativamente aos progressos em nível do ensino, pode-se ver que Isabel não fala, mas tem linguagem receptiva, se se lhe falar em termos simples e em sequências curtas. Desenvolve jogos simples, de grafismo, consegue completar jogos de colocação de peças.

Amala e Kamala
Adotadas por: Lobos
Também conhecidas como as meninas lobo. Foram duas crianças selvagens encontradas na Índia no ano de 1920. A primeira delas tinha um ano e meio e faleceu um ano mais tarde. Kamala, no entanto, já tinha oito anos de idade, e viveu até 1929.
Em 1920, foram encontradas numa caverna, as duas crianças que viviam entre lobos. Amala tinha dois anos e Kamala tinha oito anos. Quando foram encontradas foram levadas para um orfanato e foi lá que se iniciou o penoso processo de socialização das duas meninas-lobo.
Elas não falavam, não sorriam, andavam “de gatas", uivavam para a lua e a sua visão era melhor à noite do que de dia.
Amala, a mais jovem, morreu um ano após ser encontrada.
Kamala viveu por mais oito anos sem, contudo, aprender a falar, ler, usar o banheiro ou a ter qualquer comportamento que pudesse ser considerado próprio de seres humanos. A única emoção que demonstrou em todos esses anos foi algumas lágrimas que caíram dos seus olhos, no dia em que Amala morreu.
Morreram talvez devida à não adaptação.

Genie
Adotada por: Cresceu com contato humano mínimo.
É o pseudónimo pelo qual ficou conhecida Susan M. Wiley. Genie nasceu em 18 de Abril de 1957 e viveu praticamente todos os seus primeiros 13 anos em total isolação da sociedade. Foi descoberta pelas autoridades de Los Angeles no 4 de Novembro de 1970.
Quando descoberta, Genie desconhecia a linguagem e obteve um desempenho equivalente ao de uma criança de quinze meses de idade num teste cognitivo.
Genie foi o quarto filho de um casal problemático, Irene e Clark Wiley. A sua mãe era parcialmente cega devido a uma catarata e um descolamento de retina. O seu pai era depressivo e apresentava desequilíbrio mental. Outros dois filhos do casal morreram e viviam também com o irmão mais velho.
Susan M. Wiley a direita, em 1989
Com a idade de vinte meses, quando Genie iria começar a aprender a falar, um médico anunciou que era lenta, provavelmente retardada. O pai de Genie levou este diagnóstico ao extremo e, com o intuito de protegê-la, privou-a de todo contacto com a sociedade.
Genie passava os dias presa a um penico e, à noite, quando não era ali esquecida, era colocada num berço fechado com barras de aço. Sempre que tentava falar, o seu pai batia lhe e proibia qualquer pessoa de lhe dirigir a palavra. Durante este período, Genie ficou presa sem manter qualquer contacto lingüístico com quem quer que fosse. Genie tornou-se quase muda e babava-se como uma criança, sendo capaz de pronunciar apenas algumas palavras como stop e no more.
Levou muito tempo até aprender a comportar-se como uma pessoa normal.
Durante o caos da guerra civil naquele país, o menino foi abandonado. Encontrado por militares, três anos depois, vivia com macacos. Levado ao orfanato de Kampala, passou por um processo de socialização e, aos oito anos, fazia sua própria higiene, andava e dormia numa cama.

Djuma
Adotados por: Lobos
Região deserta no Turcomenistão
Encontrado por geólogos, em 1962, aos sete anos de idade, na Ásia Central, numa região deserta do Turcomenistão. Os lobos que o acompanhavam tiveram de ser mortos para que o menino fosse resgatado. Em quatro anos aprendeu a falar umas poucas palavras e dormir numa cama. Recebeu cuidados no Republican Hospital em Ashkhabad mas, em 1991, uma reportagem constatou que ele ainda andava de quatro, só comia carne crua e podia morder quando estava com fome.

Menino de Burundi
Adotado por: Macacos
Vilarejo em Burundi, África
Este caso aconteceu em 1973. O garoto aparentava seis anos e comportava-se como um macaco. A antropóloga Diane Skelly constatou que o corpo da criança era coberto por uma fina pelagem que desapareceu quando ele começou a usar roupas.





Bello, da Nigéria
Adotado por: Macacos
Bello aos 8 anos
Bello foi resgatado por caçadores. Tinha dois anos e vivia com uma família de chimpanzés. Possivelmente, pertencia a uma comunidade de nômades Fulani. Era doente, mentalmente e fisicamente, causa provável do seu abandono. Esse procedimento é comum na cultura dos Fulani, pastores que percorrem grandes distâncias ao longo do leste africano. Os médicos estimaram que ele deveria ter 6 meses quando foi deixado na floresta para morrer. Em 2002, aos oito anos, tinha compleição física de uma criança de quatro anos e ainda mantinha trejeitos simiescos.



Oxana Malaya
Adotada por: Cachorros

Durante cinco anos, Oxana Malaya viveu entre animais, mais especificamente, cães selvagens, onde comia alimentos crus e restos encontrados nas vizinhanças dos vilarejos, basicamente, a sua alimentação era composta por leite e carne crua, provavelmente de pequenos animais. Os pais, alcoólatras, abandonaram a menina aos três anos de idade e desde então ela foi adotada por uma matilha de cães. Isso aconteceu no vilarejo Navaya Blagoveschenka, na Ucrânia.
Somente cinco anos depois, em 1991, um cidadão informou às autoridades locais o avistamento de uma criança que vivia entre os cães. Ela foi resgatada: na altura ela tinha 8 anos. O seu comportamento era totalmente canino: andava de quatro, latia, rosnava, bebia água diretamente das fontes e quando se molhava, sacudia o corpo inteiro tal como fazem os cães.
As autoridades "resgataram-na", e enviaram-na para um orfanato, ali foi ensinada a andar em postura erecta, comer com as mãos e falar. Aliás, Oxana nunca desaprendeu completamente o pouco da linguagem humana que havia aprendido na primeira infância; entretanto, apesar do esforço dos professores, ela jamais recuperou a condição a humana e apresenta, recorrentemente, comportamento animal.
Agora, com cerca de 23 ou 24 anos, Oxana Malaya tem a idade mental de 6 anos, fala rudimentar e tem movimentação bípede descoordenada, e continua a enterrar os "arados" que lhe são oferecidos, e correr para o bosque quando esta aborrecida.
O pai de Oxana foi localizado; da mãe, não há notícias. A jovem tem esperança de voltar a viver com a família, mas os especialistas não acreditam nesta possibilidade. A sua personalidade é frágil e sua adaptação à sociedade parece ser completamente impossível

Peter, o Selvagem
Adotado por: Desconhecido
Túmulo de Peter, The Wild Boy
O primeiro caso de criança selvagem que ganhou fama foi "Wild Peter"; quando foi descoberto, estava nú, a pele escurecida e tinha os cabelos negros crescidos e emaranhados. Capturado em Helpensen, Hanover - em 27 de Julho de 1724, aparentava ter 12 anos na ocasião. Subia em árvores com extrema facilidade. Não falava; recusava comer pão; preferia consumir ramos verdes de certos vegetais que mascava e sugava; mais tarde aceitou frutas e verduras de horta. Ele foi exibido em Hanover na corte de George I. Levado para a Inglaterra, ali foi estudado pelos cientistas. Viveu 68 anos em sociedade, mas nunca aprendeu a dizer nada além de "Peter' e "Rei George".



Até por ursos...

  • Goranca Cuculic: Esta menina tinha cinco anos quando se perdeu na floresta próxima a sua casa, em Vranje - Iugoslávia. Foi encontrada três dias depois e contou que havia encontrado uma ursa e dois filhotes. O animal lambeu sua face e ela bricou com os ursinhos. À noite, dormiu com eles em uma caverna.
  • Em 2001, no Irã, um bebê de 16 meses, desaparecido por três dias, foi achado entre ursos são e salvo. 
  • Há registros de crianças que cresceram entre ursos na Dinamarca e na Lituânia. 
  • Em 1767, na Hungria, uma garota com cerca de 18 anos, alta e com a pele escurecida, foi encontrada por caçadores. Seu comportamento era agressivo; comia carne crua, raízes e folhagens. Tinha sido criada por ursos. 
  • Na Índia, em 1914, outra garota, 14 anos, foi achada em Uttar Pradesh. Chamada de Grongi, recusava dormir em camas e comida cozida. Seus comportamento era semelhante ao dos ursos. 
  • Em 1937, na Turquia, em um asilo para doentes mentais, outra jovem, 16 anos presumidos, tinha vivido entre ursos e não se adaptou ao modo de vida humano.

Mas tudo isso será mesmo  verdade?
Em março de 2008, após a divulgação de que o livro, best-seller, e o filme "Survivre avec les loups" (Survival with wolves) foi uma fraude, tem havido um debate importante na mídia francesa (jornais, rádio e até na televisão) sobre os numerosos casos falsos de crianças selvagens cegamente credenciados: embora existam numerosos livros sobre este assunto, quase nenhum deles foi baseado em arquivos, os autores usando dúbias informações impressas de segunda ou terceira mão.

De acordo com o cirurgião francês Serge Aroles, que escreveu um estudo geral sobre crianças selvagens, com base em arquivos (L'Enigme des Enfants-loups e The Enigma of Wolf-children, 2007),quase todos estes casos são fraudes escandalosas ou histórias totalmente fictícias.

São esses relatos:
Crianças-lobo de Hessian (1304, 1341 e 1344).

O menino de Bamberg que cresceu entre bovinos (anterior à 1500).

O menino irlandês criado por ovelhas, relatado por Nicolaes Tulp, em seu livro Observationes Medicae (1672). Serge Aroles dá provas de que esse menino era um menino com deficiência grave exibido por dinheiro.

As três crianças – urso da Lituânia (1657, 1669, 1694). Segundo o referido autor os arquivos (da rainha da Polônia, 1664-1688)) publicados por Serge Aroles mostram evidências de que estes três casos são totalmente falsos . Houve apenas um menino, encontrado nas florestas, na Primavera de 1663 e levado a capital da Polônia.

A garota de Oranienburg (1717).

Os dois meninos dos Pireneus (1719).

Peter, o menino selvagem de Hamelin (1724). Uma criança deficiente mental, com anomalias da língua e dos dedos que connsta como vivido apenas um ano na selva.

Marie-Angelique, a menina selvagem de Champagne (França, 1731). Segundo Aroles, que já revelou centenas de documentos relativos a esta menina, e publicou 30 delas em sua biografia (2004), afirma que apesar de certas incoerências quanto a sua idade, origem étnica e localização da ocorrência, é o único caso e verdadeiro de uma criança ter sobrevivido 10 anos nas florestas (entre novembro 1721 a setembro de 1731), e a única criança - selvagem que conseguiu uma reabilitação intelectual completa, tendo aprendido a ler e a escrever.

A garota- urso de Krupina [Eslováquia] (1767). Segundo esse autor não se encontraram vestígios dos seus arquivos em Krupina

O adolescente de Kronstadt (1781). Segundo o documento escrito em Magyar (Húngaro) publicado por Serge Aroles, é um caso de embuste: o menino, deficiente mental, tinha um bócio (Hipotiroidismo) e foi exibido por dinheiro.

Victor de Aveyron (1797), retratado no filme de 1969, O Menino Selvagem (L'enfant sauvage), de François Truffaut. Uma vez mais, Serge Aroles deu provas de que este famoso caso analisado por Jean Itard (1774 - 1838) não correspondia a uma verdadeira criança - selvagem.

 Amala e Kamala, as meninas criado por lobos, encontrado em 1920 perto de Midnapore, região de Calcutá, na Índia. De acordo com os arquivos encontrados por Serge Aroles, trata-se de uma escandalosa fraude relativa crianças-lobo: Amala, a mais jovem, morreu um ano após ser encontrada e Kamala era uma menina deficiente mental espancada com um pedaço de pau por seu tutor para obter o comportamento de suposto animal com fins de exposição.

Ramu, Lucknow, Índia (1954), tomado por um lobo como cria até a idade de 7 anos. Uma vez mais, um embuste, de acordo com Serge Aroles, que conduziu investigações em Lucknow (Índia).

Criança - gazela da Síria: Segundo Aroles um rapaz com idade em torno de 10 foi encontrado no meio de uma manada de gazelas no deserto sírio na década de 1950, e só foi capturado com a ajuda de um jipe do Exército iraquiano, porque ele podia correr a velocidades de até a 50 km / h. [6]. Típico boato, como são todas as crianças - gazela descritas

Criança - gazela do Saara (1960): menino gazela do Río de Oro (Saara Espanhol), descrito por Jean-Claude Armen. pseudônimo de Jean-Claude Auger (no livro The Saharan Gazelle Boy. Universe Books, New York, 1971) Segundo o referido trabalho de Aroles após investigações sobre este caso, em 1997, e a recolha de testemunhos na Mauritânia, o próprio autor do esta história (JC Armen) reconheceu que ele tinha escrito um livro de ficção.

Kaspar Hauser (início do séc. XIX), retratado no filme de 1974 por Werner Herzog " O Enigma de Kaspar Hauser (Jeder für sich und Gott gegen alle) Esse adolescente, de cerca de 18 anos, encontrado em Nurembergue recentemente tomado como referência sobre estudo sobre linguagem e realidade por Blikstein, 2003. Um dos créditos desse relato, são os escritos do criminalista alemão Feuerbach (1775 - 1833) Autor da obra: Kaspar Hauser. Un delito contra el alma del hombre.

O mais recente caso:
Um menino aparentando 10 anos foi encontrado na Rússia.
Mas fugiu dias depois de ser capturado.


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