17 de mar. de 2011

# A Verdadeira história de Chapeuzinho - Vermelho

Os contos de fadas não eram contados da maneira em que estamos condicionados a ouvi-los, um perfeito exemplo é a história de Chapeuzinho - Vermelho.
Essas narrativas são na verdade fábulas, que contadas há séculos e documentadas aproximadamente no XVII. Tinham o intuito de ensinar as crianças sobre algum assunto.
Nessa época era difícil ter acesso a cultura escrita e ensinamentos, tarefa que era delegada aos pais. Utilizavam-se dessas histórias para exemplificar e advertir seus filhos na passagem da infância para a vida adulta.
Com jogos psicológicos, esses ensinamentos eram passados de uma maneira muito rústica e eficaz, amedrontando.

Leia uma versão traduzida do conto de Chapeuzinho-Vermelho e perceba o tom de ameaça que era apresentado às crianças européias do século XVIII. A versão original deste texto era cantada e com rimas.

[Chapeuzinho - Vermelho * Versão Primitiva]


Uma mulher havia terminado de assar pães.
Pediu que sua filha levasse pão e um pote de creme para sua avó que vivia numa cabana na floresta.
A garota saiu, e no caminho, encontrou um lobisomem.
O lobisomem parou a garota e perguntou,
“Aonde você vai? O quê carrega?”
“Vou para casa da minha avó”, disse a garota, “e levo pães e creme”
“Por qual caminho você irá?” perguntou o lobisomem.
“O Caminho das Agulhas ou o Caminho dos Alfinetes?”
“Eu irei pelo Caminho dos Alfinetes,” disse a garota.
“Ora, então eu irei pelo Caminho das Agulhas, e veremos quem chega lá primeiro”
A garota continuou, o lobisomem idem, e chegou à cabana da avó primeiro.
Ele rapidamente matou a senhora e a engoliu - exceto por um pouco de carne, que pôs na prateleira da despensa, e um pouco de sangue, que ele colocou em uma garrafa.
Então o lobisomem se vestiu com as roupas da avó e se deitou na cama.
Quando a garota chegou, o lobisomem a mandou entrar.
“Avó,” disse a garota, “Minha mãe me mandou trazer um pão e creme”
“Coloque-os na despensa, minha netinha. Você está com fome?”
“Sim, vovó”
“Então cozinhe a carne que você encontrará na prateleira. Está com sede?”
“Sim, vovó”
“Então beba o vinho que você encontrará na prateleira logo acima, minha netinha”
Enquanto a menina cozinhava e comia a carne, um gato falou:
“Você está comendo a carne de sua avó!”
“Jogue seu sapato nesse gato barulhento”
Disse o lobisomem, e assim ela o fez.
Enquanto bebia o vinho, um pássaro disse:
“Você está bebendo o sangue de sua avó!”
“Jogue seu outro sapato nesse pássaro barulhento”
Disse o lobisomem, e assim ela o fez.
Quando ela terminou sua refeição, o lobisomem disse:
“Está cansada da caminhada, minha netinha? Então tire suas roupas”
“Venha para a cama e eu a aquecerei”
“Onde eu devo colocar meu avental, vovó?”
“Jogue-o no fogo, minha netinha, pois você não precisará mais dele.”
“Onde eu devo colocar o meu corpete, vovó?”
“Jogue-o no fogo, pois você não precisará mais dele.”
A menina repete essa pergunta para sua saia e suas meias.
O lobisomem dá a mesma resposta, e ela joga cada item na lareira.
Quando ela chega na cama, diz ao lobisomem:
“Vovó, como você é peluda!”
“Para te manter aquecida, minha netinha”
“Vovó, que braços grandes você tem!”
“Para te manter junto a mim, minha netinha”
“Vovó, que orelhas grandes você tem!”
“Para ouvi-la melhor, minha netinha”
“Vovó, que dentes grandes você tem!”
“Para te devorar melhor, minha netinha”
“Agora venha e se deite ao meu lado”
“Mas primeiro eu preciso ir ao banheiro”
“Faça na cama, minha netinha”
“Eu não posso. Preciso ir lá fora,” a menina disse.
Pois agora ela sabe que é o lobisomem mentindo na cama de sua avó.
“Então vá lá fora,” o lobisomem concorda.
“Mas volte logo. Eu irei amarrar um cordão no seu tornozelo para saber onde você está”.
Ele amarra seu tornozelo com um cordão robusto, mas logo que a garota está do lado de fora, corta-o com sua tesoura e amarra o cordão numa árvore de ameixas. 
O lobisomem, ficando impaciente, chama-a:
“Ainda não terminou, minha netinha?”
Quando ninguém responde, ele a chama novamente.
“Você está aguando a grama ou adubando as árvores?”
Nenhuma resposta. Ele então pula da cama, segue o cordão e não a encontra.
O lobisomem a persegue, e logo a menina pode ouvi-lo na trilha atrás dela.
Ela corre e corre, até alcançar um rio profundo e de forte correnteza.
Algumas lavadeiras trabalham na beira do rio.
“Por favor, ajude-me a atravessar”, ela diz.
As lavadeiras estendem um lençol sobre a água, segurando firmemente as pontas.
Ela atravessa a ponte de tecido e logo está segura no outro lado.
O lobisomem então alcança o rio, e pede às mulheres que o ajudem a atravessar.
Elas estendem o lençol sobre a água.
Mas quando ele está no meio da travessia, as lavadeiras soltam o lençol.
O lobisomem cai na água e se afoga.

Não acredita? Então confira o original!
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Existem diversas versões “assustadoras” para o padrão atual, onde a menina podia levar o vinho, sua mãe a advertia sobre se desviar do caminho (ação que ela comete), o caçador não a ajudava, que o lobo vestia-se com a pela da avó, enfim diversas variantes para a mesma história.

“O Grande Massacre de Gatos”, do historiador Robert Darton, que conta o "real" dos contos de fadas e que principalmente faz um retrato da França no século XVII.
Representa o conto Chapeuzinho Vermelho através de um estudo sobre a caricatura e a importância dos contos para os não iluminados, ou seja, para os simples camponeses. Quem conta na representatividade psicanalista é Erich Fromm.
Segundo Fromm o conto primitivo camponês dos séculos XVII e XVIII representa o inconsciente coletivo constante no conto, que para ele, trata sobre a confrontação de uma adolescente com a sexualidade adulta.
Por meio da decodificação dos símbolos existentes no conto, Fromm conseguiu analisá-lo.
Os simbolismos encontrados por ele no conto para fundamentar sua análise são o chapeuzinho vermelho, simbolizando a menstruação, e a garrafa de vinho, (adaptada com a cesta de doces) que é um símbolo de virgindade. Os avisos dados pela mãe de chapeuzinho, para que não se desviasse do caminho, significariam o cuidado que deveria ter a menina para não quebrar a garrafa e perder seu líquido (hoje contada para não se perder), ou seja, “um alerta contra o perigo do sexo e de perder a virgindade”.
O lobo representaria o macho sedento por sexo e astucioso, que procura desviar a menina do caminho da virtude. O ato sexual um “ato canibal em que o macho devora a fêmea”.

Referência: DARTON, Robert. O Grande Massacre de Gatos e outros episódios da história cultural francesa. 4. ed. Graal: Rio de Janeiro, 2001
Fontes: http://historiacombobagens.blogspot.com/2009/10/chapeuzinho-vermelho.html
e http://celticwild.blogspot.com/2009/04/chapeuzinho-vermelho-verssao-primitiva.html

9 comentários:

  1. há algum tempo atrás um professo, conto essa última parte e achei muito interessante, tanto que faz tempão isso e ainda me lembro, fazendo a pesquisa no amigo google, o achei =)
    Achei interessante, gostei e estou seguindo. ^^

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  2. muito bom, adorei conhecer a verdadeira história da chapeuzinho!! muito sinistro

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  3. to achando meio diabolica essas historias

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  4. muito bacana cada coisa em rsrs

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  5. muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiittttttttttttttttttttooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo lllllllllllllllllllllllleeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeggggggggggggggggggggggggaaaaaaaaaaaal

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  6. muito bom e comeria a chapeuzinho!

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  7. bem isso que eu estava procurando parabens

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